Bamboocycles

Bambu vira matéria-prima para bicicleta

O resultado foi uma bicicleta mais leve, resistente e com maior durabilidade do que as convencionais

Jô Folha -

Que a bicicleta não congestiona, não polui e ainda traz benefícios à saúde dos ciclistas já se sabe e se debate há algum tempo. O que é pouco abordado, pelo menos por enquanto, é que esta alternativa ecologicamente correta pode se tornar ainda mais sustentável. A ideia simples e capaz de causar um grande impacto positivo já está, inclusive, circulando pelas ruas de Pelotas. São as bamboocycles, ou bicicletas de bambu, invenção que vem ganhando espaço em países como México, África, China e Alemanha e, agora, também Brasil.

Quem descobriu essa possibilidade através de muita pesquisa e da vontade de produzir algo com a sua identidade foi o mestrando em Antropologia Vinícius Kusma. O protótipo levou seis meses de estudos e um de produção. O resultado foi uma bicicleta mais leve, resistente e com maior durabilidade do que as convencionais. “Sempre tive a vontade de ter algo construído por mim e por já andar bastante de bicicleta fui atrás de projetos que trabalhassem com inovações nessa área, acabei encontrando vídeos na internet e começando a produzir.”

A bicicleta, é claro, desperta a atenção da população. Kusma afirma que perguntas como “aguenta o peso?”, “é confortável?” e “pode andar em qualquer tipo de calçamento?” são comuns quando pedala pela cidade. As respostas costumam surpreender. Isto porque o bambu é uma matéria-prima bastante versátil e com alto grau de resistência. Mais leve do que o aço, também absorve mais o impacto e oferece um maior conforto. O processo de elaboração também potencializa as qualidades da planta. Vinícius conta que corta o bambu na lua minguante - época em que a seiva diminui e se concentra na parte inferior da planta, a deixando mais seca -, cozinha na água, leva para uma secagem ao fogo e, depois de transformada em quadro, ainda recebe uma proteção com resina.

Tudo isto foi registrado no canal do Youtube de Kusma (o vídeo chama-se KusmaBambooCycles), onde a criação é exibida em seus detalhes. O material foi encontrado pelo superintendente de Turismo da prefeitura, Valter Poetsch, em meio a suas pesquisas sobre uma bicicleta mexicana que utilizava o bambu na sua estrutura. Assistindo ao vídeo, Poetsch foi surpreendido: em uma das cenas estava, ao fundo, o chafariz Fonte das Nereidas, na Praça Coronel Pedro Osório. “Foi uma surpresa extremamente positiva quando percebi que era Pelotas, entrei em contato na mesma hora”, conta. O superintendente não perdeu tempo e encomendou a sua. O primeiro pedido recebido por Kusma que já está em processo de produção de mais dois quadros.

A combinação de leveza e identidade, apontada por ele é confirmada por Poetsch, como as maiores vantagens da bamboocycle. Além, é claro, da possibilidade de ter um produto com este impacto sendo produzido em Pelotas. Quando comercializados, devido ao trabalho artesanal, os quadros devem custar R$ 3 mil.

Na lista de vantagens
O bambu é 17% mais resistente que o aço quando utilizado no sentido longitudinal;
A leveza é semelhante à do alumínio, sem os danos ambientais;
O emprego do bambu é equivalente a 1/3 da quantidade necessária de metal à construção de bicicletas convencionais
É abundante, não requer fertilizantes no cultivo e emite oxigênio enquanto cresce;

O contato
E-mail: [email protected]
Telefone: (53) 8159-5748

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